A COVID-19 acelerou a transformação tecnológica de vários setores de atividade no Luxemburgo. No entanto, o setor imobiliário mostra-se resistente à mudança e ainda se encontra numa fase muito inicial do processo de digitalização. Os jovens consumidores que estão agora a entrar no mercado irão seguramente, na sua procura por transparência e visibilidade, acelerar a transformação digital do setor imobiliário luxemburguês.

Em que estádio se encontra o processo de transformação digital do setor imobiliário luxemburguês?

A crise sanitária obrigou os profissionais do setor imobiliário a repensarem os seus métodos de trabalho, promovendo, entre outros, visitas online e virtuais. Seja através de serviços como o Whatsapp e o FaceTime ou através de sites de imobiliário, as visitas online inauguraram, ainda que de forma cautelosa, a transformação digital do setor imobiliário no Luxemburgo.

Os municípios do Luxemburgo e de Esch-sur-Alzette implementaram serviços administrativos eletrónicos para a obtenção de alvarás de construção. Já é possível submeter um pedido através de um formulário 100% online. E os restantes municípios e serviços? Ainda não progrediram muito e continuam a exigir documentação física.

O que está a acontecer noutros países?

O nível de transformação digital do setor imobiliário varia de país para país. No entanto, em alguns países, a desmaterialização dos processos administrativos e de outras atividades imobiliárias está já bastante avançada.

Em 2020, as autoridade francesas passaram a autorizara assinatura remota de escrituras sem procuração. Na Dinamarca e na Finlândia, já não é necessário ir ao notário para vender ou comprar casa. Nos Estados Unidos, país que está na vanguarda de várias inovações relativas ao setor imobiliário, foi desenvolvido um sistema de mercado online, designado como Peer-to-Peer (ou P2P), que permite aos investidores desenvolverem projetos em conjunto. Hoje em dia, é possível desenvolver projetos que, até há pouco tempo, eram financeira e tecnicamente inimagináveis.

Como pode o Luxemburgo acelerar a sua transformação digital?

• Embora o sistema tenha sido adotado por alguns municípios do Grão-Ducado, os pedidos de alvará de construção submetidos de forma totalmente virtual estão longe de ser comuns. O desenvolvimento de uma plataforma uniformizada a nível nacional permitiria uma adoção mais ampla por todos os municípios.
• Para se adaptarem à subida de preços do mercado imobiliário luxemburguês, bem como para facilitar o acesso a oportunidades de investimento, os atores do setor poderiam criar mercados peer-to-peer.
• Seguindo o exemplo francês, as autoridades luxemburguesas deveriam autorizar, a breve trecho, a assinatura eletrónica segura de documentos administrativos como contratos de promessa de compra e venda, escrituras, empréstimos, etc.
• Para poderem crescer de forma sustentada, os profissionais do setor terão de adotar a utilização de Documentos Inteligentes. Os processos administrativos do setor imobiliário exigem inúmeros documentos (contratos de venda, documentos de hipoteca, contratos legais, seguros, etc.) cujo processamento é muito demorado. Automatizar o processamento destes documentos permitiria aos profissionais do setor reduzir o risco de erro humano e, sobretudo, poupar tempo.

Por fim, existem há vários anos ferramentas para acompanhar em tempo real o andamento de pedidos submetidos online. Será possível adaptar estas ferramentas a investimentos imobiliários no valor de centenas de milhares de euros de forma a acompanhar o andamento das várias permissões legais?

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